Objetivos do Desenvolvimento Sustentável: no centro dos negócios

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Os 17 Objetivos do Desenvolvimento Sustentável que compõem a Agenda 2030, adotada pelos 193 países membros da ONU durante a Cúpula das Nações Unidas para o Desenvolvimento Sustentável 2015, propõem formas de solucionar os principais problemas que enfrentamos no mundo atualmente, guiando a agenda mundial de sustentabilidade na próxima década

Embora um número significativo de países tenha adotado essa Agenda, há limitações para que os governos implementem sozinhos as suas metas, o que torna a participação das empresas fundamental para esse processo. Neste texto você vai entender o papel das empresas para a Agenda 2030 e descobrir como os ODS podem ser um importante instrumento de gestão. Vamos lá?

Objetivos do desenvolvimento sustentável: o que são?

Desenvolvimento sustentávelO documento final da Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável Rio + 20, realizada em 2012, selou um acordo que previa o desenvolvimento de um conjunto de metas com o objetivo de promover o desenvolvimento sustentável. Essas metas teriam como base os avanços dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM).

Em 2000, com o objetivo de prestar atenção nos desafios enfrentados pelo planeta, a ONU estabeleceu 8 metas (ODM) que deveriam ser atingidas até o ano de 2015 com o auxílio dos governos e da sociedade. Três dos objetivos foram cumpridos: reduzir pela metade o número de pessoas vivendo na extrema pobreza; reduzir pela metade a proporção de pessoas sem acesso a água potável; melhorar a vida de pelo menos 100 milhões de habitantes das favelas. Como as metas foram parcialmente alcançadas e ainda há desafios que precisam ser combatidos, novas metas foram estabelecidas para os anos seguintes.

Assim, após a Rio +20, questões de interesse global foram discutidas amplamente, recebendo contribuições de grupos organizados da sociedade civil, recomendações de acadêmicos e cientistas, além de subsídios do setor privado. Todas essas contribuições culminaram na criação dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS), parte central da Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável.

Essa Agenda foi adotada pelos países-membros das Nações Unidas durante a Cúpula das Nações Unidas para o Desenvolvimento Sustentável, realizada em setembro de 2015. Ela é um documento que lista os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável e propões 169 metas que, por meio de programas, ações e diretrizes, pretendem orientar a agenda mundial de sustentabilidade até 2030.

Desenvolvimento sustentávelO documento é um plano de ação “para as pessoas, para o planeta e para a prosperidade”* e busca estimular ações nas três dimensões do desenvolvimento sustentável, a econômica, a social e a ambiental, acabando com a pobreza extrema e a fome, garantindo uma educação de qualidade para todos, preservando o meio ambiente e colaborando para a construção de sociedades pacíficas e inclusivas.

Os ODS são divididos em cinco áreas consideradas como de importância crucial para a humanidade e para o planeta: pessoas, planeta, prosperidade, paz e parceria.

Esses objetivos, porém, trarão novos desafios para os países-membros da ONU, incluindo o Brasil, que participou de todas as sessões da negociação intergovernamental. Para cumprir todas as metas até 2030, esforços precisam ser empregados não só pelos governos, mas também pelo setor privado. Continue acompanhando para saber por quê!

Setor privado: qual a sua importância?

A adoção dos 17 Objetivos por tantos países revela a aceitação de um caminho comum para o desenvolvimento do mundo. Esse modelo de desenvolvimento, por sua vez, impacta não apenas os governos, mas também as empresas. Ao estabelecer metas baseadas em uma ideia de progresso aliado a uma atuação responsável, a Agenda 2030 reforça a cobrança de uma postura sustentável de organizações do setor privado.

Isso acontece porque, atualmente, ao ter uma consciência maior dos problemas ambientais que enfrentamos, a sociedade, além de aprovar meios de produção mais sustentáveis, também exige que as organizações se comprometam a empregá-los. Nesse cenário, o empresário se torna mais do que um fornecedor de produtos e serviços, ocupando também um espaço de articulação de novas tendências e construção de um futuro viável.

E sabemos que um desenvolvimento sustentável só pode ser construído com empreendimentos que, além do crescimento  econômico, priorizem a conservação do meio ambiente e as boas práticas sociais e de valorização do capital humano.  

Desenvolvimento sustentávelAlém da necessidade de prestar contas à sociedade e colaborar para a preservação dos recursos naturais, as empresas também são essenciais para a implementação dos ODS no âmbito financeiro. Nesse processo, serão necessário investimentos da ordem de US$ 3 trilhões por ano até 2030, valor que os governos não podem empregar sozinhos.

Embora uma atuação responsável seja indispensável no mercado, há vantagens que as empresas podem obter ao usar as ODS como ferramentas para direcionar a sua ação, uma vez que elas são capazes de alinhar o desenvolvimento sustentável aos seus interesses econômicos. Vamos saber mais sobre elas?

  • Oportunidades de mercado

Os mercados emergentes e de fronteira, com a implementação dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável e a consequente redução de seus problemas sócio-econômicos, podem se desenvolver significativamente, ampliando o seu poder econômico e, consequentemente, consumindo mais.

Isso significa que investir nos objetivos globais pode trazer o fim de obstáculos para o desenvolvimento desses mercados e trazer novas oportunidades para as empresas que enxergam o seu potencial a médio e longo prazo. Para termos uma ideia da  importância dos mercados emergentes, é estimado que os valores gerados pelo consumo neles cheguem a até  US$ 30 trilhões em 2025.

  • Vantagem competitiva

Há empresas que já saíram à frente e assumiram o compromisso de apoiar e, em alguns casos, alinhar suas estratégias aos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável. Esse compromisso pode promover mudanças não só nas políticas dessas empresas, mas também na forma como elas são vistas pelo público.  Consequentemente, essas organizações podem ter produtos ou serviços com melhor desempenho, conquistando uma fatia maior do mercado.

A Unilever, por exemplo, descobriu que suas marcas sustentáveis, ou seja, que unem o propósito social ou ambiental aos produtos, apresentam um crescimento maior que o dos outros negócios. Apenas em 2016, essas marcas foram responsáveis por mais de 60% do crescimento total da empresa e cresceram com 50% de mais rapidez que as outras. Atualmente, 18 das 40 principais marcas da organização sãs sustentáveis.

Embora apoiar os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável seja uma forma de conseguir benefícios significativos, há desafios que as companhias enfrentam na hora de pensar em como atender as demandas trazidas pela Agenda 2030. Porém, é possível tornar a contribuição da sua empresa para os ODS mais efetiva em 5 passos:

  • Compreender os ODS

Desenvolvimento sustentávelÀ primeira vista, a lista dos 17 grandes objetivos pode parecer muito abrangente. Em um quadro colorido, grandes ideias, como a erradicação da pobreza, vida sobre a terra e redução das desigualdades, aparecem de forma simplificada. Porém, cada um desses objetivos engloba diversas metas específicas que são voltadas para a ação e, portanto, poderiam orientar de forma mais específica os esforços das empresas em uma direção sustentável.

Por exemplo, o Objetivo 15, vida sobre a terra, se desdobra em 9 metas específicas, entre elas a 15.5, que busca “tomar medidas urgentes e significativas para reduzir a degradação de habitat naturais, estancar a perda de biodiversidade e, até 2020, proteger e evitar a extinção de espécies ameaçadas”.

Dessa forma, como um primeiro passo, é importante compreender o que e quais são os ODS, já que as empresas podem utilizá-los como ferramentas para “moldar, conduzir, comunicar e relatar as suas estratégias” *, obtendo também vantagens de mercado.

  • Definir prioridades

Os 17 ODS não serão igualmente relevantes para todas as empresas. Uma vez que os serviços oferecidos, as áreas de atuação e as regiões em que elas se estabelecem variam muito de uma para a outra, os impactos relacionados aos Objetivos devem ser avaliados de forma específica dentro do contexto de cada organização.

É importante que, neste momento, as empresas avaliem toda a sua cadeia de valor para mapear áreas que envolvam os maiores impactos negativos e positivos relacionados aos objetivos de desenvolvimento, considerando também a possibilidade de impactos futuros. Há algumas ferramentas e metodologias que podem auxiliar esse mapeamento, como a Análise de Ciclo de Vida (ACV).

Quando as áreas de alto impacto forem identificadas, as prioridades da empresa em relação aos ODS poderão ser definidas com maior facilidade, a partir do reconhecimento de áreas em que melhorias podem ser feitas ou em que a empresa pode oferecer contribuições relevantes.

Para acompanhar o desempenho da organização durante o processo, é importante identificar indicadores capazes de apresentar a relação entre os impactos e as atividades da empresa. No site  www.sdgcompass.org podem ser encontrados indicadores comerciais relacionados aos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável e às suas metas.

  • Estabelecer metas

Desenvolvimento sustentávelEstabelecer metas que envolvem as prioridades da empresa é também uma forma de tornar mais eficiente a sua comunicação sobre o compromisso com o desenvolvimento sustentável. A definição de metas específicas é uma forma de garantir que as prioridades definidas no passo 2 irão realmente se desenvolver. Para evitar que essas metas sejam muito abrangentes ou ambíguas, o que torna a sua mensuração mais difícil, é importante definir alguns Indicadores-chave de desempenho (KPIs). Esses indicadores devem ser baseados em objetivos específicos, mensuráveis e limitados a um período de tempo.

Definir padrões para os objetivos das empresas também é importante. Por exemplo, uma empresa pode propor melhorias em um setor tendo como base um padrão definido em um ano anterior ou em um período de tempo específico. Para isso, também deve-se pensar em qual será o tipo da meta, que pode ser classificada de duas formas:

  • Metas absolutas: objetivam, por exemplo, a redução do consumo de um insumo como água (m3), energia (kWh), da produção de resíduos (t) ou da emissão de gases de efeito estufa (tCO2e). São, normalmente, mais desafiadoras. Uma meta absoluta seria estabelecida da seguinte forma: “A empresa se compromete a reduzir em 10.000m3 seu consumo de água até 2020.
  • Metas relativas: objetivam reduzir a intensidade, estabelecendo uma relação (indicador) entre um determinado consumo e/ou impacto e uma unidade de produção ou financeira. Visam monitorar ganhos de eficiência e são mais flexíveis. Uma meta relativa seria estabelecida da seguinte forma: “A empresa se compromete a reduzir o uso de água por tonelada de minério dos atuais 100m3/t para 80m3/tonelada”.

O nível de ambição em relação às metas também precisa ser levado em consideração, analisando a estrutura organizacional, o cenário atual e projeções futuras para compreender de que forma a empresa pode colaborar para os ODS. Ganhos significativos de reputação podem ser obtidos a partir das decisões relacionadas à ambição.

  • Integrar as metas aos negócios

Após todas as outras etapas, que guiarão a ação da empresa, este é o momento de integrar a sustentabilidade aos negócios, incorporando as metas às funções. Para isso, é necessário que as equipes envolvidas no processo compreendam a relevância das metas de sustentabilidade para a empresa e reconheçam os benefícios que a sua implementação pode trazer.

As lideranças da empresa possuem papel indispensável nesse processo por serem capazes de criar canais para comunicar a importância e o progresso das metas para a equipe, além de integrá-las a outros processos, como avaliações de desempenho e esquemas de remuneração. Apesar disso, o apoio de outras áreas, como recursos humanos e desenvolvimento comercial, também é essencial para a integração das áreas da empresa ao objetivo de alcançar as metas.

As empresas ainda podem firmar parcerias para unir forças. Dessa forma, podem encontrar parceiros dentro da sua cadeia de valor, dentro do próprio setor ou em diversas partes interessadas, sejam elas governos, organizações do setor privado e da sociedade civil.

  • Relatar e comunicar

Desenvolvimento sustentávelA divulgação da sustentabilidade corporativa tem se tornado cada vez mais comum nos últimos anos, aumentando de acordo com a exigência dos consumidores e investidores pelo emprego de meios de produção sustentáveis. Assim, é muito importante que a organização comunique às suas partes interessadas o seu progresso com os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável, o que pode ser feito em vários canais, como relatórios, websites, mídias sociais, eventos e publicidade.

Os relatórios formais, para serem eficazes, precisam incluir as informações que são relevantes para as partes interessadas, respondendo aos seus interesses, preocupações e expectativas. Também é importante que eles usem padrões internacionalmente reconhecidos para relatórios de sustentabilidade, como os usados pelo CDP ou o GRI.

Eles são uma ferramenta capaz de “apoiar processos de tomada de decisões sustentáveis, estimular o desenvolvimento organizacional, obter melhor desempenho, contratar partes interessadas e atrair investimento”*.

Dessa forma, informar os clientes, os investidores e o público em geral sobre a contribuição de uma empresa para os ODS é uma forma de construir uma relação de confiança com as partes interessadas e uma boa reputação.

Quer saber mais sobre os 5 passos para colocar a sustentabilidade no centro das estratégias da sua empresa? Leia o Guia dos ODS para as empresas, desenvolvido pela ONU.

Concluindo

Sabemos que o cuidado com o meio ambiente é, cada vez mais,  indispensável. Porém, além do compromisso com a sociedade e o planeta, os ODS podem ser um importante instrumento de gestão para as empresas, ajudando a orientar as suas ações.

Os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável, por um lado, reforçam a importância da adoção de práticas sustentáveis pelas empresas, que são cada vez mais cobradas pelos consumidores e investidores. Por outro, trazem grandes oportunidades às organizações, que podem se beneficiar do reconhecimento que os ODS trazem quando estão ligados aos seus valores.

E então, restou alguma dúvida? O que acha sobre os ODS e a sua relação com as empresas? Comente abaixo ou envie um e-mail para  comunicação@waycarbon.com. Será um prazer te responder!

*Informações do documento Guia dos ODS para as empresas, desenvolvido pela ONU.

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Vivian é jornalista e estudante de publicidade. Na Waycarbon, integra o setor de marketing como produtora de conteúdo. Gosta de escrever sobre as novas possibilidades para a construção de um futuro sustentável e acredita na comunicação como uma ferramenta para a mudança.

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