Qual é o papel da Climate Week nas discussões climáticas?

Um dos maiores eventos globais sobre mudança climática, a Climate Week NYC ocorreu entre os dias 22 e 29 de setembro, reunindo lideranças empresariais, políticas e representantes da sociedade civil. O encontro é organizado pelo Climate Group, entidade sem fins lucrativos, cujo objetivo é acelerar a ação climática global. Felipe Bittencourt (CEO), Henrique Pereira (COO) e a Luisa Valentim (Head de Desenvolvimento de Negócios) representam a WayCarbon na edição 2024. 

“A temperatura global vem aumentando de forma mais rápida do que a ciência previa. Estamos muito perto de ultrapassar um aquecimento médio de 1,5°C e presenciando a intensificação de eventos climáticos extremos. Diante desse cenário, a Climate Week busca influenciar as lideranças para que insiram a transição climática no centro da tomada de decisão corporativa, adotando ações ambiciosas e urgentes”, explica Henrique Pereira. 

A Climate Week NYC é considerada o ponto de partida para uma temporada de discussões mais intensas sobre a mudança climática, avaliou a CEO do Climate Group, Helen Clarkson, durante a cerimônia de abertura. “Na verdade, o tema não deveria ser sazonal – o clima deveria estar no centro de todas as reuniões internacionais em todos os níveis – seja no G7, G77, ou nas reuniões bilaterais que acontecem nesta semana na Assembleia Geral da ONU”, disse a executiva. 

Entre os principais assuntos abordados na convenção estiveram: transição energética, soluções baseadas na natureza, gestão do risco climático e os avanços na IFRS (International Financial Reporting Standards), padrão global para reportes de clima e sustentabilidade. A preparação para as próximas edições da Conferência das Partes (COP), principal evento da agenda climática, também esteve em pauta. 

Preparação para as próximas COPs 

Realizado no primeiro dia de evento, o painel “COP29: The State of Play and Road to Belém”, trouxe um olhar estratégico sobre as prioridades temáticas para a COP29 (Baku, Azerbaijão) e a COP30 (Belém, Brasil). A mesa contou com discussões significativas sobre a evolução das negociações climáticas globais e os mecanismos financeiros essenciais para impulsionar uma ação climática eficaz.  

Emissões financiadas e interoperabilidade de padrões 

A programação de segunda-feira teve início com a reunião dos membros da Partnership for Carbon Accounting Financials (PCAF). O PCAF é uma parceria global de instituições financeiras que trabalham juntas para desenvolver e implementar uma abordagem harmonizada para avaliar e divulgar as emissões de gases de efeito estufa (GEE) associadas a seus empréstimos e investimentos. O evento teve como foco o alinhamento e a interoperabilidade de padrões e iniciativas do setor financeiro.  

“Ficou claro que a interoperabilidade evoluiu de dados (CDP), métodos (SBTi) e padrões (NZBA) para um conjunto mais amplo de práticas recomendadas de contabilidade de carbono e regulamentação. No núcleo, o ISSB está trabalhando para integrar ainda mais o GRI e o CSRD e o agrupamento com o questionário do CDP”, avaliou Pereira.  

O executivo informou, porém, que ainda há desafios quanto à disponibilidade de dados e à abordagem de ativos complexos, como dívidas soberanas. “Além disso, as regulamentações emergentes em várias jurisdições representam um risco de não convergência para os esforços globais de alinhamento metodológico. Gostaria de enfatizar que, em relação a esse tópico, a IFRS está realizando várias consultas à medida que novas regulamentações são propostas em todo o mundo”, disse.  

Transição energética 

Também na segunda-feira, 23/09, ocorreu a Roundtable “Financing Energy Transition”, organizado pelo ICC Brasil. Felipe Bittencourt destacou a palestra de Christophe McGlade, Head of Energy Supply da IEA, sobre a necessidade urgente de aumentar os investimentos em energias renováveis para que o planeta alcance a meta de emissões líquidas zero. “O direcionamento principal da fala foi sobre a energia solar. Para os países em desenvolvimento, exceto a China, é fundamental quadruplicar os investimentos até 2030. Um dos principais desafios é o custo de capital nesses países. No contexto brasileiro, acredito que a questão da conexão à rede é um dos fatores mais críticos a serem considerados”, analisou. 
 

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Maria Luiza Gonçalves
Jornalista e Analista de Comunicação at WayCarbon | + posts
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