Estudo analisa os impactos das mudanças climáticas nos portos brasileiros

Segundo a Agência Nacional de Transportes Aquaviários (ANTAQ), os portos são responsáveis por 95% da corrente de comércio exterior brasileiro, movimentando R$293 bi por ano, o correspondente a 14,2% do PIB do país. Diante de tal relevância, é natural que o setor seja parte importante da discussão sobre os impactos das mudanças climáticas.

Nesse cenário, a Waycarbon participou da elaboração de um estudo com o objetivo de compreender os impactos e riscos da mudança do clima em 21 portos brasileiros, além de elencar um rol de recomendações gerais acerca de medidas de adaptação para prevenir efeitos indesejáveis na operação e infraestrutura portuária.

A análise foi feita no âmbito do Acordo de Cooperação Técnica firmado entre a ANTAQ e a Agência de Cooperação Técnica Alemã Deutsche Gesellschaft für Internationale Zusammenarbeit (GIZ) GmbH, com a participação do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE).

Riscos analisados

Aumento do nível do mar

Em 11 dos 21 portos pesquisados, a análise indica que o risco de aumento do nível do mar é classificado como alto ou muito alto para o ano de 2030 e de 2050, sendo eles: Aratu (BA), Paranaguá (PR), Rio Grande (RS), Santos (SP), São Francisco do Sul (SC), Cabedelo (PB), Fortaleza (CE), Imbituba (SC), Itaguaí (RJ), Recife (PE) e São Sebastião (SP).

Vendavais

Segundo o estudo, a principal ameaça está no risco de vendavais que já afeta sete portos – entre eles o de Santos, o maior do país – e pode se tornar um problema futuro para outras nove instalações na costa brasileira.

Os portos considerados com risco alto ou muito alto de ocorrência de vendavais são: Imbituba (SC), Santos (SP), Recife (PE), Rio Grande (RS), Salvador (BA), Paranaguá (PR) e Itaguaí (RJ). Nas projeções para 2050, 5 portos foram classificados com risco muito alto de vendavais e outros 11, com risco alto. Natal, Salvador e Suape (PE) são os que apresentam maior variação no nível de risco nesse período.

Tempestades

Em relação à ocorrência de tempestades, o estudo indica que não há mudança brusca no número de portos sob ameaça. Hoje, têm risco classificado como muito alto os portos de Rio Grande (RS), Aratu-Candeias (BA) e Cabedelo (PB), os únicos que manterão essas condições nas projeções para 2050.

Medidas de Adaptação necessárias

O estudo identificou 55 medidas de adaptação que têm potencial de aumentar a resiliência do setor portuário brasileiro, sendo 21 estruturais e 34 não estruturais.

As medidas estruturais envolvem obras de engenharia para correção e/ou prevenção de desastres, podendo abranger também as áreas de tecnologia, bem como a adaptação baseada em ecossistema (AbE).

Por sua vez, as medidas não estruturais visam reduzir os impactos por meio de gestão administrativa, normas, regulamentações ou programas, abarcando as áreas de design e manutenção, de planejamento, de seguros e de gestão de sistemas.

Sumario Executivo

Leia a reportagem sobre o estudo no jornal ‘Valor Econômico’
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