Entrevista: Elera aprimora gestão de riscos climáticos
O setor de energia é, ao mesmo tempo, sensível à mudança do clima e estratégico para a transição rumo a uma economia Net-Zero. Dentro desse contexto, a Elera Renováveis, uma das principais empresas do setor no Brasil, tem a WayCarbon como parceira desde 2020 para apoiá-la na agenda. A empresa usa o software Climas para gerenciar suas emissões de gases de efeito estufa (GEE), sendo um exemplo de como a tecnologia pode ajudar nesta jornada.
Em 2021, A WayCarbon realizou um estudo para identificar os riscos climáticos aos quais os ativos da Elera estavam expostos e recomendou medidas de adaptação. “Avaliar as oportunidades e os riscos das alterações climáticas é fundamental para o nosso sucesso na criação de valor a longo prazo e para aprimorar nosso planejamento comercial e financeiro”, explica Marcela Denis Rissardi, Gerente de ESG da Elera, para o nosso blog.
Neste ano, a organização detectou a necessidade de atualizar a análise e contou novamente com a WayCarbon. “Devido à característica do negócio, nosso portfólio está em constante atualização, dessa forma, um dos nossos desafios é garantir que os estudos de risco e os planos de adaptação estejam consistentes com a realidade”, diz Rissardi. Confira a entrevista completa:
1. De forma geral, quais eram os principais desafios da Elera ao buscar a WayCarbon no início da parceria e quais são os desafios atuais, que levaram à contratação do novo escopo?
Em 2021, por natureza da nossa operação, já monitorávamos continuamente as condições meteorológicas do nosso portfólio, mas sentimos a necessidade de compreender com maior profundidade os riscos climáticos físicos e de transição aos quais os ativos da Elera estavam expostos, bem como quais medidas de adaptação seriam necessárias. O trabalho conduzido nesse período marcou o diagnóstico completo do portfólio, e permitiu que tomássemos algumas medidas para a adequada gestão destes riscos.
Devido à característica do negócio, nosso portfólio está em constante atualização. Dessa forma, um de nossos desafios é garantir que os estudos de risco e os planos de adaptação estejam consistentes com a realidade. Em relação a 2021, ganhamos maturidade na gestão dos nossos riscos, o que permitiu que o escopo do projeto em 2024 ganhasse complexidade, criticidade e uma perspectiva de maior pragmatismo. O passo seguinte é a elaboração de um plano de adaptação com recomendações eficazes e assertivas frente as oportunidades e riscos. Buscamos sempre incorporar os avanços da ciência climática, normas e melhores práticas na forma como gerimos e reportamos nossos indicadores.
2. Entrando no escopo de gestão de riscos climáticos, por que o assunto é considerado estratégico pela Elera?
Avaliar as oportunidades e os riscos das alterações climáticas é fundamental para o sucesso na criação de valor a longo prazo e para aprimorarmos nosso planejamento comercial e financeiro. A identificação dos riscos climáticos está integrada em nosso processo global de gestão de riscos, onde cada empresa regional da Brookfield Renewable é responsável pela identificação de riscos em todas as atividades sob a sua jurisdição, utilizando um processo completo e integrado de avaliação tanto para os ativos existentes, como para os investimentos potenciais.
Variações climáticas sazonais, mudanças nos padrões de vento, radiação solar e precipitação nos propõe desafios operacionais, e com um plano de adaptação considerando as especificidades de cada tecnologia e localidade, ganharemos precisão para implementar medidas, como o reforço da infraestrutura, diversificação das fontes e a revisão dos planos de contingência.
Mitigar potenciais impactos operacionais e custos de reparação e manutenção futuros protege nossos investimentos e contribui para a sustentabilidade de longo prazo no setor de energia renovável.
3. Quais são os principais resultados obtidos na parceria entre WayCarbon e Elera nas agendas de risco e ESG?
Enfrentar esse desafio requer uma abordagem proativa e com colaboração de diferentes partes para impulsionar a transição rumo a um sistema energético mais resiliente. A parceria com a Waycarbon, que conta com profissionais com vasta experiência no setor e na temática, nos dá subsídios para acelerar essa agenda e ganhar assertividade nas decisões.
Olhando para resultados práticos, esperamos ganhar maturidade no reporte desses riscos à diretoria da Elera, garantindo que todos os elementos do Programa de Gestão de Riscos estejam sendo efetivamente executados, incluindo a elaboração de uma matriz de risco, uma estimativa dos impactos e recomendações para os processos de governança, métricas e metas, considerando aderência ao IFRS S2 (International Financial Reporting Standards, com foco em clima) para compor o plano estratégico e executivo da Elera. Além disso, poderemos criar subsídios internos junto a stakeholders chave, como bancos e seguradoras, a fim de demonstrar redução de risco e eventuais reduções de custo de subscrição.
4. De que forma enxergam o papel do setor de energia no combate à mudança climática?
A transição para a economia de baixo carbono é o principal desafio empresarial desta década. Alinhar negócios à trajetória de 1,5°c demanda posicionamento claro e visão objetiva sobre riscos e oportunidades, e a transição da matriz energética brasileira, considerando uma diversidade de fontes renováveis, é o caminho para redução de emissões de gases de efeito estufa e pode posicionar o país como líder na transição mundialmente.
O mercado livre vem abrindo caminho para a descarbonização de setores intensos em carbono, já que as instituições podem escolher a origem da energia que consomem. Uma maior eletrificação em todos os setores para cumprir as metas de redução de emissão e o foco na segurança energética aumentam as oportunidades de contratação de projetos de desenvolvimento de energia limpa.
O futuro é promissor, mas é importante lembrar que a produção de energia envolve uma cadeia de valor complexa e, nesse ponto, é importante que as empresas de energia renovável estejam focadas em promover iniciativas de mitigação de emissões no chamado “Escopo 3”, além de preservar os ecossistemas que os ativos estão inseridos.