11 exemplos: como as cidades estão lidando com os riscos climáticos?

São constantes as notícias de enchentes e deslizamentos causadas pelo excesso de chuvas no Brasil, como ocorrido em São Paulo e no Rio de Janeiro no início de 2024. Segundo o IPCC (Painel Intergovernamental para a Mudança de Clima das Nações Unidas), eventos extremos como esses (bem como secas e ondas de calor) já estão sendo intensificados pela mudança climática. Por isso, é importante que as cidades realizem um mapeamento de riscos climáticos e adotem medidas de adaptação para evitar perdas sociais, ambientais e econômicas. 

O desafio da resiliência climática 

Levando em conta os padrões de planejamento urbano, as cidades brasileiras não estão preparadas para altos volumes de chuvas, explica Melina Amoni, Gerente de Risco Climático e Adaptação na WayCarbon. “A resiliência climática é um desafio para o Brasil. Não temos uma cultura de preparo, mas de resposta. A cada ano, com a chegada da temporada seca, parecemos nos esquecer das tragédias causadas pelas chuvas no verão. E na próxima temporada chuvosa, temos novamente tragédias. O mesmo acontece com a seca dos meses de outono e inverno, que é esquecida com a chegada das chuvas”, diz.

Como as cidades brasileiras estão lidando com os riscos climáticos? 

A WayCarbon trabalha ativamente no apoio técnico para a elaboração de Planos de Ação Climática de municípios, levando o risco como fator norteador de novos investimentos em ações de adaptação. Confira alguns dos projetos realizadas em conjunto com cidades brasileiras: 

1. Belo Horizonte (MG)

A capital mineira lançou, em 2016, a Análise de Vulnerabilidade às Mudanças Climáticas. Foram avaliadas as ameaças de inundação fluvial, vetores de arboviroses, ondas de calor e deslizamentos, a exposição e a vulnerabilidade para o momento atual (2016) e futuro (2030) ao longo de todo seu território. A análise identificou os dez bairros mais vulneráveis e os principais desafios a serem enfrentados pelo município para ampliar a sua capacidade de adaptação e reduzir a sensibilidade da população. A Análise também foi utilizada como embasamento na construção de ações de adaptação no seu Plano Local de Ação Climática, lançado em 2022.  Belo Horizonte também tem sido cenário de projetos como o Urban Leds, (“Promovendo Estratégias de Desenvolvimento Urbano de Baixo Carbono em Países Emergentes”), parceria entre ICLEI, a ONU-Habitat e Comissão Europeia. 

2.Betim (MG)

O município, por meio da identificação de riscos climáticos, publicada em 2020, obteve clareza da exposição e vulnerabilidade  ligados à mudança do clima, com estudos sobre as ameaças de enchentes, inundações, secas meteorológicas e doenças transmitidas por vetores. A análise fez parte da iniciativa Urban-Leds II, financiada pela Comissão Europa e implementada pelo ICLEI, que contou com a WayCarbon para a elaboração das análises técnicas.​ 

3. Curitiba (PR)

O plano foi elaborado com objetivo de reduzir as emissões de GEE até 2050 e aumentar a capacidade de adaptação aos riscos climáticos. Para que essa meta seja atingida, são mais de 20 ações divididas em cinco setores-chave: qualidade ambiental e urbana, eficiência energética, resíduos sólidos e efluentes, mobilidade urbana sustentável, e hipervisor urbano e inovação. O Plano de Mitigação e Adaptação às Mudanças Climáticas de Curitiba (PLANCLIMA) teve Assistência Técnica do Programa de Ação Climática C40, da C40 Cities, assim como os planos das cidades brasileiras de São Paulo, Rio de Janeiro e Salvador. 

4. João Pessoa (PB)

Com a visão de até 2050, uma João Pessoa mais resiliente, neutra em emissões de carbono, justa e inclusiva, o Plano de Ação Climática da cidade foi lançado em 2023. Sendo composto por 37 ações de mitigação e adaptação, divididas em 8 eixos temáticos: Mobilidade e Transporte Sustentável; Qualidade Urbana e Habitação; Áreas Verdes e Proteção Costeira; Gestão de Riscos Climáticos; Saneamento e Saúde; Gerenciamento de Resíduos; Inclusão e Redução da Vulnerabilidade Social; e Energia de Baixo Carbono. 

5. Recife (PE)

O Plano Local de Ação Climática da cidade de Recife foi lançado em 2020 com o objetivo de alcançar a neutralidade climática e criar oportunidades socioeconômicas, reduzir a pobreza e desigualdade, melhorar a saúde das pessoas e a proteção da natureza. Como uma forma de dar continuidade, a cidade desenvolveu um Plano de Adaptação Setorial que foi finalizado em 2023 e ainda será disponibilizado ao público. Visando construir resiliência, o Plano Setorial incluiu a análise de riscos climáticos e vulnerabilidades e o desenvolvimento de ações de adaptação para os setores de Saneamento Básico, Transformação Urbana, Mobilidade Urbana e Economia. 

6. Rio de Janeiro (RJ)

O Plano de Desenvolvimento Sustentável e Ação Climática do Rio de Janeiro incluiu a avaliação de riscos climáticos atuais (período histórico) e futuros (2030 e 2050) no município, com foco nas ameaças de elevação do nível do mar, deslizamentos, ondas de calor e inundações. A cidade estabeleceu 24 metas prioritárias, sendo que as metas de adaptação visaram a realocação de pessoas para fora de áreas de alto risco, a melhoria da resposta a emergências e iniciativas de aumento da proteção e bem-estar da população.  

7. Salvador (BA)

O Plano de Mitigação e Adaptação às Mudanças do Clima da cidade está dividido em quatro eixos, equivalentes aos quatro temas da visão futura da cidade (Salvador Inclusiva, Salvador Verde-Azul, Salvador Baixo Carbono e Salvador Resiliente), e em 20 diretrizes. Cada uma dessas diretrizes é composta por ações cujos resultados auxiliarão a atingir as metas gerais do plano: a neutralidade de emissões a garantia da universalização dos serviços de água e esgoto, a redução da população que vive em áreas de risco, a renaturalização de rios e a redução de doenças causadas por vetores até 2049.   

8. São Bernardo do Campo (SP)

O estudo de 2021 combinou elementos de exposição e vulnerabilidade da população com análises sobre a incidência de cada risco climático na cidade para identificar os bairros mais afetados pelas ameaças de inundação, deslizamentos, ondas de calor e proliferação de vetores. Financiado pelo CAF (Banco de Desenvolvimento da América Latina), o trabalho usou os cenários futuros de 2030 e 2050. A partir dos resultados, foi elaborada uma estratégia de adaptação territorial aos efeitos da mudança do clima, com o desenvolvimento de 12 medidas com diferentes prazos de implementação, além de descrição, principais atividades e indicadores previstos, bairros prioritários, análise de oportunidades e as secretarias envolvidas.  

9. São Paulo (SP)

O plano, batizado como PlanClima SP, foi desenvolvido para responder às mudanças do clima e orientar a ação do governo municipal em processos decisórios. Os objetivos principais são empreender ações para a redução das emissões de GEE e implementar medidas para reduzir as vulnerabilidades sociais, econômicas e ambientais. Foram definidos pontos norteadores como: jornada rumo ao carbono zero em 2050 e geração de trabalhos e rendas sustentáveis, aumento da oferta de habitações populares, redução de alagamentos e inundações, diminuição de vulnerabilidades e fortalecimento da Defesa Civil, entre outros. 

10. Sorocaba (SP)

O estudo, publicado em 2020, foi desenvolvido como parte da iniciativa Urban-Leds II, assim como na cidade de Betim, a partir de análises dos riscos de inundação, deslizamento, ondas de calor e proliferação de vetores. A partir dele, o município pôde identificar os bairros mais vulneráveis e as áreas mais críticas a cada um dos riscos, tendo subsídios para o desenvolvimento de medidas de adaptação efetivas. 

11. Território Estratégico de Suape 

O Plano de Ação Climática foi contratado pelo Complexo Industrial Portuário de Suape para o Território Estratégico (composto em 2023, pelos 8 municípios: Cabo de Santo Agostinho, Ipojuca, Moreno, Jaboatão dos Guararapes, Escada, Sirinhaém, Ribeirão, Rio Formoso).  Finalizado em 2023, ainda será disponibilizado ao público e contém propostas de mitigação e adaptação às mudanças do clima para o território estratégico. 

Por que desenvolver um plano de ação climática? 

“O planejamento ambiental deve ser integrado ao planejamento urbano. Nos planos climáticos que desenvolvemos, fazemos projeções para 10, 20, 30 ou 40 anos, tentando entender os principais riscos que causam vulnerabilidade naquela determinada região. Com esses dados, somados às projeções sobre os cenários de mudança do clima, fazemos recomendações para o aumento da resiliência climática naquela cidade”, explica Melina, responsável pelos projetos. 

A WayCarbon é o parceiro ideal para o desenvolvimento de planos de ação climática. Para isso, contamos com os nossos serviços de consultoria e o apoio do MOVE, plataforma digital integrada de avaliação de riscos associados à mudança do clima, que produz estatísticas de base sobre vulnerabilidade e risco. Entre em contato com nossos especialistas. 

 

 

 

 

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