Lançamento do segundo inventário de gases de efeito estufa de Porto Alegre
No dia 12 de agosto, foi lançado oficialmente o 2º Inventário de Gases de Efeito Estufa de Porto Alegre. O documento, construído pela Prefeitura do município com apoio da WayCarbon, da EcoFinance e do ICLEI América do Sul, contribui para o desenvolvimento de estratégias de mitigação das emissões de GEE de Porto Alegre, bem como para a diminuição dos impactos das mudanças do clima nos principais setores do município.
O evento de lançamento contou com a participação de representantes da prefeitura, da Secretaria de Meio Ambiente, Urbanismo e Sustentabilidade (SMAMUS), da WayCarbon, do ICLEI e da Ecofinance, além dos setores chave da cidade. Na ocasião, foram apresentados os limites do estudo, a metodologia utilizada e os principais resultados totais e setoriais do trabalho. O evento ocorreu em formato híbrido e você pode acessar a transmissão clicando aqui.
Confira a seguir como foi a construção do Inventário de Gases de Efeito Estufa de Porto Alegre, a metodologia utilizada, os principais resultados e destaques.
Construção colaborativa do Inventário de Gases de Efeito Estufa de Porto Alegre
A WayCarbon, em parceria com o ICLEI e a Ecofinance, foi contratada pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) para prestação de serviços técnicos especializados para coordenação e execução das atividades referentes à elaboração do “Inventário de Gases de Efeito Estufa de Porto Alegre”. A WayCarbon participou de todas as fases do projeto como ponto de contato da Prefeitura, visando oferecer assistência técnica qualificada para o desenvolvimento do conteúdo do Inventário.
As principais fases de elaboração do Inventário de Gases de Efeito Estufa de Porto Alegre foram:
- Definição dos pontos focais da cidade;
- Coleta e análise de dados;
- Cálculo das emissões, discussão e validação dos resultados;
- Desenvolvimento dos relatórios;
- Eventos de engajamento.
O primeiro Workshop de Sensibilização foi um evento aberto ao público, que tratou da temática de mudança do clima, acordos e legislações internacionais e locais e apresentou a importância dos inventários de emissões.
O segundo foi um Workshop de Capacitação, que visou apresentar a metodologia utilizada e capacitar os colaboradores da cidade sobre a Plataforma Climas, utilizada para os cálculos das emissões.
A participação de representantes de setores chave da cidade foi primordial para a construção colaborativa do Inventário. Além da etapa de coleta de dados, ocorreu uma reunião interna entre os representantes e as organizações parceiras para a validação dos resultados. Essa reunião contou com a perspectiva dos setores diretamente envolvidos no Inventário (tais como Transportes, Energia e Resíduos), que contribuíram ao avaliar a coerência das emissões e remoções com a realidade da cidade.
Principais resultados e destaques do Inventário de GEE de Porto Alegre
A metodologia utilizada para o Inventário foi a do GPC (Global Protocol for Community-Scale Greenhouse Gas Emission Inventories), que desagrega os dados em setores chave para cidades e regiões, de forma a facilitar o cálculo e a identificação das principais fontes de emissões e remoções de gases de efeito estufa. Os setores são:
- Energia Estacionária;
- Transportes;
- Resíduos;
- Processos Industriais e Uso de Produtos (IPPU);
- Agricultura, Floresta e Uso da Terra (AFOLU)
- e Outras Emissões Indiretas.
O Inventário de Gases de Efeito Estufa de Porto Alegre foi desenvolvido para a série histórica de 2016 a 2019, o que possibilitou a comparação das emissões ao longo dos anos. Dentre os principais resultados, verificou-se que 67% das emissões são do setor de Transportes, sendo que 74% das emissões deste setor têm origem no Transporte Terrestre. Em seguida está o setor de Energia Estacionária, contabilizando 23% das emissões, sendo 55% delas correspondentes ao consumo de energia elétrica em edificações. Na sequência vem o setor de Resíduos, somando 9% das emissões, e por fim o setor AFOLU com 1%.
Um dos destaques do Inventário de Gases de Efeito Estufa de Porto Alegre foi a inclusão das emissões indiretas do município, identificadas como emissões de escopo 3. Este setor inclui fontes de emissões associadas a determinadas atividades que ocorrem na cidade, mas cujos bens e serviços se originam de outros municípios – como as emissões de GEE incorporadas em combustíveis, água, comida e materiais de construção.
Para o Inventário de Porto Alegre, verificou-se que o setor da construção civil era significativo no município, representando mais de 50% das indústrias locais, e foram então incluídas as emissões provenientes dos insumos cimento, ferro e madeira. Esta inclusão apresenta um grande avanço, pois permite à cidade obter um diagnóstico de emissões decorrente das suas atividades mais adequado ao seu perfil. As emissões deste setor representaram cerca de 30% das emissões totais da cidade.
Outro destaque do Inventário se refere à inclusão do setor AFOLU (sigla para Agricultura, Florestas e Uso da Terra), no qual foram calculadas as remoções de gases de efeito estufa decorrentes das iniciativas da Prefeitura de plantio de mudas e aumento da cobertura vegetal nas praças, parques e Unidades de Conservação da cidade. O acompanhamento da remoção das emissões advindas destas iniciativas, ano a ano, permite à cidade avaliar a contribuição de suas ações na mitigação das emissões.
Conclusão
A partir do Inventário, o município de Porto Alegre passa a contar com um importante instrumento de gestão que traz um diagnóstico de suas emissões e oferece subsídios para a atual revisão do Plano Diretor. A cidade pode, então, se inspirar nas melhores práticas já adotadas por outras capitais no enfrentamento da crise climática, promovendo ações efetivas que aumentam sua resiliência e promovem melhorias na qualidade de vida da população.
Flora é Mestre em Engenharia Ambiental e atua há mais de seis anos com sustentabilidade. Acredita que a crise climática é o assunto mais relevante hoje e deve ser trabalhada em todos os âmbitos da sociedade. Na WayCarbon, atua com estratégias de mitigação para governos e cidades, com foco em projetos de redução de emissões. Também é líder da Realidade Climática pelo Climate Reality Project e confia no poder do trabalho em conjunto para solucionar os problemas globais.