Inventário de Gases de Efeito Estufa em Grandes Eventos

Gases de Efeito Estufa

Com a proximidade da Copa do Mundo 2014, muitas pessoas pensam sobre qual será o legado do evento para o Brasil. A maioria analisa principalmente dois aspectos: o econômico e o de infraestrutura. Mas e o legado ambiental? E mais especificamente: como ficam as emissões de gases de efeito estufa em eventos deste porte? 

Falaremos um pouco sobre isso, continue acompanhando.

Gases de Efeito Estufa: Copa e Olimpíadas

É comum os grandes eventos internacionais terem seus impactos em termo de emissões de gases de efeito estufa calculados e, em alguns casos, até compensados. Contudo, não existe uma metodologia padrão para o cálculo dessas emissões. Existem categorias de emissões que estão sempre presentes nesses estudos como, por exemplo, o consumo de combustíveis utilizados por veículos próprios e o consumo de energia elétrica. Mas diversas outras categorias de emissão são ou não consideradas nesses cálculos. No fundo, cabe a entidade responsável pelo evento decidir até onde vai a sua responsabilidade.

A tabela abaixo ilustra as categorias de emissões consideradas pelas últimas Copas do Mundo e Olimpíadas. Verifica-se que a Olimpíada de Londres de 2012 foi o evento que teve maior abrangência no cálculo de emissões. Já a Copa do Mundo na Alemanha, em 2006, não incluiu as emissões de viagens aéreas, a utilização de produtos e/ou insumos e a disposição de resíduos sólidos. Tal estudo foi muito criticado principalmente devido às emissões das viagens aéreas, afinal, trata-se da maior fonte de emissão de um evento. De qualquer maneira, é também inimaginável pensar um evento sem a geração, substancial, de resíduos.

Climas indicadores ambientais 

É interessante que todos esses eventos consideraram como fonte de emissão as obras e infraestrutura, aqui entendidos como a construção/reforma dos estádios e obras como as dos aeroportos e dos meios de transporte. Ressalta-se que tais fontes de emissão consideram, na verdade, as emissões do ciclo de vida da produção dos insumos e não as emissões da aplicação. Assim, em uma dada obra, o concreto ali utilizado possui um fator de emissão, visto que em sua produção emite CO2 pela utilização do clínquer.

Legado ambiental de conscientização

Apesar das diferenças metodológicas, certo é que a realização de estudos visa não somente conhecer o impacto desses eventos e tentar mitigá-los, como também capacitar os agentes locais nas cidades para a importância do tema das mudanças climáticas. Assim, existe um grande legado ambiental deixado por cada grande evento. E o Brasil também está buscando isso.

Atualmente o Ministério do Meio Ambiente, com apoio financeiro da ONU, está desenvolvendo o Inventário de Gases de Efeito Estufa nas doze cidades da Copa do Mundo de 2014. Centenas de pessoas, nos âmbitos dos governos estaduais e municipais, além da iniciativa privada, estão sendo envolvidos no trabalho. Espera-se que o Inventário de Gases de Efeito Estufa (GEE) dessa Copa seja um dos estudos mais completos já realizados para grandes eventos.

Leia também: “Copa do Mundo 2014: emissões de GEE compensadas

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Felipe Bittencourt é engenheiro e historiador, possuindo doutorado em mudança do clima. CEO da WayCarbon, Felipe acredita na tangibilização da sustentabilidade como diferencial competitivo no setor privado. Já sobre o setor público, Felipe gosta de refletir sobre o uso da sustentabilidade como pilar de planejamento estratégico de longo prazo, principalmente para cidades. Felipe gosta de escrever análises técnicas sobre os temas mais atuais na temática de sustentabilidade, com foco no aprofundamento dos conhecimentos dos leitores que já atuam na área.

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