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ESAumento nas submissões ao GHG Protocol e a transparência na agenda climática
Criado em 2008, o Programa Brasileiro GHG Protocol (Adaptação da metodologia The Greenhouse Gas Protocol – A Corporate Accounting and Reporting Standard) conta com diretrizes e padrões de qualidade internacional para contabilização e elaboração de inventários de GEE (gases de efeito estufa), além de uma plataforma online para relato de caráter voluntário das emissões pelas organizações inventariantes: o Registro Público de Emissões (RPE).
Ciclo 2023: aumento na submissão de inventários gera mais transparência na agenda climática
O ciclo de 2023 do Programa, referente ao inventário de GEE de 2022, teve a submissão de 434 inventários, um aumento de 42% em relação ao ciclo anterior. Além disso, quase 60% das organizações participantes apontaram realizar o inventário completo e verificado por terceira parte independente.
As principais emissões reportadas no ciclo estão associadas ao Escopo 3 (referente a fontes não controladas pela inventariante). O volume de emissões reportados nesse Escopo chega a ser quatro vezes maior que o volume de emissões diretas (Escopo 1) das organizações. Acreditamos que isso se deve à um aumento da participação de mais empresas do setor de serviços, transporte e construção civil no Programa, que possuem emissões predominantemente desse Escopo no inventário e um maior engajamento de todas as organizações participantes de contabilizarem as emissões da sua cadeia de valor.
Já o volume de emissões de Escopo 2 (referente ao consumo de energia), teve redução de 58% em relação a 2021, muito atrelado principalmente à redução do fator de emissão médio anual de eletricidade do Sistema Interligado Nacional.
Vale destacar as emissões de Escopo 1 que, apesar de um aumento considerável de 129 novas organizações participantes, teve um aumento de apenas 4% das emissões em relação a 2021, muito atrelado não somente à melhoria da gestão de emissão das empresas participantes, mas também do tipo de negócio e setor dos novos membros, com um perfil associado ao setor de serviços e atividades terceirizadas.
Análise setorial: setor de transporte cresce em representatividade
Ao longo dos 15 anos de Programa, apesar de o setor de Indústrias de transformação se manter como mais significativo entre os inventários submetidos, a sua representatividade vem diminuindo quase que pela metade ao longo da série histórica, em função principalmente da entrada de membros de outros setores. No ciclo de 2023, o número de organizações do setor de Transporte, Armazenagem e Correio foi o segundo mais representativo, com um aumento de 69% em relação ao ciclo anterior.
De forma generalizada, observa-se um aumento do número de organizações participantes em todos os setores quando se compara os anos de 2021 e 2022. Esse aumento está bastante associado à demanda pelos stakeholders sobre a transparência das pautas ESG das empresas, especialmente relacionadas à temática de sustentabilidade e mudanças climáticas. Vale ressaltar também que já existem políticas e regulações que obriguem as organizações a darem mais visibilidade às suas emissões.
Quais são qualificações dos inventários de GEE?
Em resumo, as qualificações dos inventários de GEE no Registro Público de Emissões são:
- Qualificação Bronze: Quando a organização publica o seu inventário parcialmente.
- Qualificação Prata: Quando a organização publica o seu inventário completo
- Qualificação Ouro: Quando a organização publica o seu inventário completo e verificado por Organismos Verificadores (OV) acreditados pelo INMETRO.
A importância do Selo Ouro no inventário de GEE
Desde a implantação do Programa Brasileiro GHG Protocol em 2008, as organizações inventariantes passaram a quantificar e publicar as suas emissões de GEE. Essa ação promove maior transparência na agenda climática para os stakeholders, além de possibilitar o benchmarking por outras empresas do setor. Das 23 empresas iniciais participantes do Programa, apenas 2 carregavam o Selo Ouro em seu inventário de GEE.
Fonte: Registro Público de Emissões – https://registropublicodeemissoes.fgv.br/estatisticas/inventarios-por-qualificacao
O Selo Ouro, além de dar uma maior garantia da confiabilidade dos dados reportados pelas empresas inventariantes, ainda possibilita que as organizações possam participar de frameworks de mercado em sustentabilidade assegurando uma melhor nota e credibilidade aos investidores. É válido mencionar também, que inventários auditados já são solicitados como pré-requisitos pelos órgãos ambientais para a liberação da Licença de Operação (L.O.) de empresas de alguns setores, como é o caso do INEA no estado do Rio de Janeiro.
WayCarbon e clientes no programa
A WayCarbon tem um histórico de realizar inventários desde 2006, ano de sua criação. Acompanhamos o crescimento deste mercado e percebemos essas mudanças estratégicas nas companhias. Nosso software, Climas, nasceu em 2014 dedicado à temática da gestão das emissões de GEE, ganhando novas funcionalidades e ampliando o espectro com soluções para a gestão de temáticas associadas ao tema ESG ao longo do tempo.
Da base de clientes do software, tivemos um crescimento de 36% dos clientes que reportaram no Registro no ciclo de 2023, em relação ao ciclo de 2022. Desses, aproximadamente 80% receberam a qualificação Selo Ouro no Programa Brasileiro GHG Protocol. O processo de auditoria por terceira parte no Climas é facilitado devido à rastreabilidade dos dados e curadoria dos fatores de emissão pelos nossos especialistas.
Conclusão: mais transparência na agenda climática
O inventário de GEE é o primeiro passo para uma jornada de descarbonização, pois fornece as informações de base para o estabelecimento de metas e estratégias de mitigação da organização. Portanto, os números citados no artigo são positivos ao indicar que mais empresas estão iniciando a jornada de descarbonização, mesmo em setores não carbono intensivos, e tratando o tema com maior transparência.
Mariana Bertelli
