O que é um projeto de carbono e quais oportunidades pode gerar?
O que são projetos de Carbono?
Os projetos de crédito de carbono são iniciativas de redução ou remoção de emissões de Gases de Efeito Estufa (GEE) que contribuem para o aquecimento global. Esses projetos têm como base diversas tecnologias como a geração de energia renovável, a captura e queima de gases em aterros sanitários, projetos de conservação florestal, reflorestamento, dentre outros.
É a comercialização dos créditos de carbono gerados, utilizados principalmente para fins de compensação das emissões de indústrias, organizações, eventos e indivíduos, que viabiliza economicamente a implementação e monitoramento dos projetos sustentáveis. Muitos dos projetos também possuem co-benefícios que promovem a economia circular, saúde e educação para comunidades envolvidas, além de proteção da biodiversidade local ou similares, alinhados com os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS).
Como os créditos de carbono são negociados?
Os créditos de carbono podem ser comercializados no mercado regulado ou voluntário, por meio de padrões como o Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL), do inglês, Clean Development Mechanism (CDM), o Verified Carbon Standard (VCS), o Gold Standard, dentre outros.
De acordo com o último relatório divulgado pelo Banco Mundial, State and Trends of Carbon Pricing 2022” (WORLD BANK, 2022), que apresenta os mais recentes acontecimentos e desenvolvimentos no tema de precificação de carbono, atualmente existem 68 mecanismos de precificação direta de carbono em operação no mundo. A receita global oriunda desses instrumentos em 2021 aumentou quase 60% em relação aos níveis de 2020, ultrapassando USD 80 bilhões.
No que diz respeito ao mercado voluntário, o volume comercializado em 2021 atingiu a marca de USD 1 bilhão. O dado está presente no documento State of the Voluntary Carbon Markets (ECOSYSTEM MARKETPLACE, 2021) que analisa as principais tendências relacionadas ao mercado. A publicação mostra também um aumento nos preços dos créditos de carbono, principalmente em projetos com co-benefícios adicionais, devido ao crescimento da demanda para cumprimento de metas das empresas.
Tanto o mercado regulado como o voluntário comercializam os créditos de carbono a partir da equivalência em toneladas de dióxido de carbono (ou gás carbônico) equivalente (tCO2e). Quando utilizamos a unidade de medida CO2, estamos considerando as emissões apenas de dióxido de carbono. Por outro lado, CO2e é uma unidade de medida utilizada para quantificar as emissões de diversos GEE, convertendo a quantidade desses outros gases, tais como metano (CH4) e óxido nitroso (N2O), em uma quantidade equivalente de dióxido de carbono (CO2) considerando os seus potenciais de aquecimento global (PAG). Por exemplo, o PAG do CH4 é de 25, ou seja, a emissão de 1 kg de CH4 é equivalente a emissão de 25 kg CO2.
Como é feito um projeto de crédito de carbono?
Os projetos de carbono, para serem reconhecidos como tal, devem ser registrados em padrões internacionalmente reconhecidos, como os anteriormente mencionados. Cada um desses padrões possui metodologias específicas para as diferentes tecnologias de projetos.
Ao registrar um projeto, é feita a projeção do volume de créditos que está apto a gerar e obtida a permissão para emitir créditos a partir de sua operação. . O total de créditos efetivamente gerados irá depender da execução das atividades da iniciativa.
Ao ser concluído o monitoramento do projeto, tem-se a comprovação das reduções ou remoções de emissão decorrentes de sua operação, que resultam na geração de créditos equivalentes à tal redução, e que podem ser comercializados no mercado. Quando determinada empresa compra esses créditos para compensar suas emissões, os mesmos são “aposentados” em nome dessa empresa e não podem ser mais comercializados.
Quais oportunidades os projetos de carbono podem gerar?
Por meio da geração de créditos de carbono é possível:
- Contribuir para uma economia de baixo carbono, fornecendo uma importante fonte de fundos para ajudar a apoiar uma recuperação econômica sustentável e investir em comunidades locais.
- Avançar na pontuação em índices e relatórios de sustentabilidade;
- Antecipar-se à futura legislação ou regulamentação setorial sobre precificação de emissão de carbono;
- Diversificar as atividades econômicas, ao vender créditos de carbono, e viabilizar práticas mais sustentáveis que antes poderiam não ser atrativas financeiramente;
- Melhorar ou manter a imagem da organização, sua reputação e valor da marca;
- Posicionar-se em relação à concorrência e criar vantagem competitiva.
Como exemplo, o estudo “Oportunidades para o Brasil em Mercados de Carbono”, do ICC (INTERNACIONAL CHAMBER OF COMMERCE) e da WayCarbon, apresentou diversos benefícios, para o Brasil, a partir do mercado, como a geração estimada de créditos no setor agropecuário entre 10 e 90 milhões de toneladas de dióxido de carbono (MtCO2e); geração estimada entre 71 e 660 MtCO2e no setor florestal; e entre 27 e 250 MtCO2e no setor de energia – caso a regulamentação do Artigo 6 aceite projetos relacionados à inovação tecnológica nesse setor.
Assim, com esta estimativa de créditos de carbono, o país teria um potencial de geração de receitas entre US$ 493 milhões e US$ 100 bilhões (estimado por meio de uma projeção baseada nos dados do VCS). Por fim, o Brasil ainda teria a oportunidade de reduzir as emissões além da meta da NDC1 e arrecadar receita equivalente a 1 bilhão de toneladas de dióxido de carbono (GtCO2) em 2030.
Sobre o estudo do ICC
O estudo “Oportunidades para o Brasil em Mercados de Carbono” (INTERNACIONAL CHAMBER OF COMMERCE (ICC), 2021), realizado por meio de uma parceria do ICC Brasil, parte da Internacional Chamber of Commerce (ICC) com a WayCarbon, destaca as oportunidades econômicas para o Brasil em mercados de carbono, a partir de uma ótica multissetorial. Para saber mais, acesse o estudo no link: https://conteudo.waycarbon.com/oportunidades-para-o-brasil-em-mercados-de-carbono.
Um novo estudo será lançado em breve trazendo novos tópicos de oportunidades para o Brasil no mercado de carbono.
Referências:
ECOSYSTEM MARKETPLACE. State and Trends of the Voluntary Carbon Markets. 2021. Disponível em: https://www.ecosystemmarketplace.com/articles/voluntary-carbon-markets-top-1-billion-in-2021-with-newly-reported-trades-special-ecosystem-marketplace-cop26-bulletin/. Acesso em: 23 jun, 2022.
INTERNACIONAL CHAMBER OF COMMERCE (ICC). Oportunidades para o Brasil em mercados de carbono. p. 63, 2021. Disponível em: https://conteudo.waycarbon.com/oportunidades-para-o-brasil-em-mercados-de-carbono. Acesso em: 20 jun, 2022.
WORLD BANK. State and Trends of Carbon Pricing 2022. 2022. Disponível em: https://openknowledge.worldbank.org/handle/10986/37455. Acesso em: 23 jun, 2022.
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